quarta-feira, 27 de agosto de 2008

open letter

Minha querida Maria,
Como você está hoje? Espero que muito bem… Afinal de contas não é todo dia que fazemos 18 anos de vida, né? Caso queria saber, eu estou bem, mas um pouco pra baixo. Assim como não é todo dia que você completa 18 anos, não é todo dia que vejo minha irmã caçula se tornando uma pessoa adulta, o que me faz lembrar o quão velha eu estou ficando.


E de pensar que tudo começou quando eu tinha 4 anos, o Dani tinha 2 e a Tia Inha sempre falava: “Pede para os seus pais mais um irmãozinho” E isso me parecia algo legal, afinal… quando se é criança tudo é motivo de festa, né? A Mari tinha acabado de nascer a idéia de ter um bebê em casa parecia divertida. E foi assim durante um tempo.


Várias coisas aconteceram e estávamos de mudança para Maringá, quando recebi a grande nova. Para ser honesta, não me recordo de como me contaram que você viria, só sei que a partir de um certo momento passei a viver a experiência de esperar por você intensamente. Como o Dani já existia o pensamento de dividir tudo já existia e não era mais uma preocupação. Vi a barriga da mãe crescer, os enjôos constantes (que eu creio serem a razão do meu trauma com vômitos!), as roupinhas que chegavam pelo sedex de São Paulo, mandadas pelas tias que mesmo distantes continuavam sendo corujas. Foi então que chegou o dia de ir ao médico, e como toda boa família maringaense fomos os quatro para te ver na tv. Ok, no ultra-som… e descobrir o que estava por vir.


Eu queria menina, é claro! Já o Dani, queria um menino. E para que todos participássemos um trato foi feito antes de entrarmos na sala do doutor. Se fosse menino, eu daria o nome. Se fosse garota, ele escolheria. Por isso se você não gosta de Claudia, a culpa não é minha, tá?


Quando o médico falou que seria uma garota, um sorriso apareceu no meu rosto e não saiu mais, mesmo eu querendo muito te chamar de Marcio. E aí veio a preocupação de que o Dani escolhesse um nome bem diferente como Willy Kitty ou Adora? E no fim, não é que seu nome saiu mesmo da televisão?! Eu queria Ana Claudia, que nem a minha amiguinha da escola, mas ele preferiu algo mais simples, por isso ficou apenas Claudia, inspirado na mocinha da novela Mico-Preto, papel da Louise Cardoso. Mas no final ele fez um bom trabalho, afinal Ana Claudia nem ia combinar com Maria, né? Ainda mais levando em conta o fato de que naquela época não nos preocupamos em descobrir o que o seu nome significava.


Mas o mais difícil foi sair do médico e fazer mistério, e não contar para ninguém de São Paulo o que estava por vir. E você pode imaginar, pelo que conhece da família, que o segredo durou cinco minutos, né? A partir daí foi esperar mais um pouco. Berço, enxoval, tudo pronto e dois irmãos muito ansiosos com a sua chegada. Fizemos os pais prometerem que nós iríamos para o hospital junto independente da hora para ver você o mais rápido possível, mas você também tinha de resolver nascer em uma madrugada gelada? Ao contrário do que vemos em shows de maternidade hoje em dia, não pudemos ficar com a mãe. Então passamos a noite inteira encolhidos e enrolados em cobertas no banco de trás de fusquinha, no estacionamento do hospital.


Ir para escola no dia seguinte sem te ver? Praticamente um castigo para uma pessoa tão ansiosa como eu. Mas finalmente a grande hora chegou e fomos eu, Dani e pai até o berçário te ver. Gente, mas que coisinha mais feia. Desculpa, mas você viu suas fotos de recém-nascida e é verdade. E ai você abriu o berreiro quando a enfermeira te deixou cara a cara com o pai e nesse momento descobri que você podia ser engraçada.


Quando você finalmente foi para casa achou presentes e uma madrinha ligeira que chegou de São Paulo no mesmo dia em que você nasceu só para te receber. Mil braços loucos para te dar colo. Eu fiquei quietinha só olhando, querendo pegar também. Mas todo mundo dizia que eu era pequena demais.


Após o frisson que você causou nos primeiros dias eu aproveitava quando a mãe estava no banho para te pegar, ninar, fazer carinho, trocar a fralda. Foi só depois de umas semanas que ela percebeu o porque de você sempre estar tão limpinha depois que ela saia do banho… E percebeu que eu podia ajudar.


Foi nesse momento em que me deram um presente…a boneca mais legal do mundo. Aprovaram meus cuidados e nunca mais te deixei. Foram colos, banhos, kekas, fraldas e mais fraldas. Tudo muito delicioso e que dá uma saudade enorme só de lembrar. Depois vieram as gargalhadas mais gostosas da face da terra, os primeiros dentes, os primeiros passos, as primeiras palavras… tudo tão mágico.


Hoje, 18 anos mais tarde vejo que o amor que tenho por você só aumenta e como já disse mil vezes e não me canso de dizer que me sinto muito orgulhosa toda vez que paro e vejo a pessoa na qual se tornou.


beijos,

Antônia



“especialmente” para você



e me pergunto, como não amar

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